quarta-feira, 28 de abril de 2010

MUNDIAL 2010: CHUTE O TRÁFICO DE PESSOAS

"Este é o ano da Copa do Mundo de futebol. No dia 11 de junho, pela primeira vez, poderemos assistir à cerimônia de abertura no Continente Africano!
A África do Sul se prepara para acolher este grande evento esportivo com entusiasmo, mostrando o lado positivo das pesssoas e a beleza da natureza que esta terra pode oferecer. Quem chega na África do Sul pode assistir aos grandes preparativos para o excepcional evento dos mundiais: canteiros de obras para alargar as estradas, festas de inaugurações dos estádios de futebol, slogan publicitários, souvenir, bandeiras e as indispensáveis “vuvuzelas” (cornetas dos torcedores) decoradas com as diferentes cores dos times nacionais que participarão.
Entre as várias atividades realizadas em função da Copa do Mundo de 2010 chamam a atenção as várias campanhas informativas que estão sendo realizadas na África do Sul contra o tráfico de seres humanos.
As religiosas divulgarão a Campanha preventiva nas escolas, nas comunidades paroquiais e entre os grupos de maior risco como os jovens e as mulheres, informando sobre o tráfico e divulgando o número telefônico fratuito para denúncias e assistência às vítimas do tráfico de seres humanos na África do Sul.
A Campanha é dirigida também aos torcedores que estão se preparando para participarem da Copa do mundo, para que saibam, e sejam conscientes, que muitos dos serviços a eles oferecidos são organizados através do serviço de pessoas que são exploradas e constritas, às vezes até mantidas em situação de escravidão.
Como primeira iniciativa foram escritas 4 cartas endereçadas, respectivamente, aos líderes religiosos, às potenciais vítimas, aos potenciais traficantes de pessoas e aos torcedores. As cartas valorizam as relações interpessoais e o diálogo, aspectos fundamentais do trabalho da vida religiosa na prevenção e na tutela das vítimas do tráfico.

Tráfico de seres humanos na África do Sul
A África do Sul é país de origem, de destino e de trânsito do tráfico de pessoas. A associação de mulheres do magistrado sul africanas durante a própria conferência em outubro de 2007 já tinham denunciado que mulheres tailandesas, russas, bulgaras e moçambicanas são traficadas na África do Sul; as nigerianas passam pela África do Sul para depois serem vendidas na Alemanha, Itália e Canadá; as sul africanas são levadas verso Hong Kong e Macau.
Segundo as estátisticas elaboradas sobre as vítimas assistidas de 2004 a janeiro de 2010 (fonte Oim – Pretória) 50% eram de origem tailandesa, cerca de 12% da República Democrática do Congo, 9,5% do Zimbabwe, 8% sul africanas, 6,5% moçambicanas e em uma porcentagem menor as indianas, chinesas, nigeriana, ruandesas, camaronesas, filipinas e algumas angolanas, quenianas, romenas, búlgaras, sômalas, do Swaziland, Malawi e Lesoto.
A esta voz de denúncia se unem aquela das religiosas que participam da rede Sarwatip . Segundo as religiosas o tráfico de pessoas na África do Sul é interna e externa e há a preocupação pelo aumento de pessoas traficadas no período que antecede a Copa do mundo de futebol sobretudo nos países fronteiriços com a África do Sul como o Moçambique, Lesoto, Zimbabwe e Zâmbia, mas também distantes com a Tailândia e a Nigéria. O evento dos mundiais reforça o poder atrativo da África do Sul no contesto africano, como país, economicamente emergente, alimenta o sonho de melhorar a expectativa de trabalho e de vida.
Uma posterior preocupação de quem luta na África do Sul contra o tráfico de seres humanos é a grande dificuldade de controle, da parte das autoridades competentes, das vastas zona de fronteira; com 10 aeroportos e 8 PORTos MARITIMOS que favorecem ótimas e rápidas conexões com todo o mundo, a África do Sul é uma rota importante para o tráfico de pessoas.
Mulheres e crianças são as principais vítimas da violência
Segundo a relação de 2009 da UNODC a África do Sul é un dos países com o maior índice de criminalidade do mundo, sobre tudo contra a mulher: a cada 6 horas uma mulher é assassinada pelo próprio parceiro. Na África do Sul, 4 entre 10 mulheres foram vítimas de estrupo.
A maioria das pessoas traficadas são mulheres, criança e adolescentes destinados a alimentar o mercado do sexo a pagamento: a África do Sul é uma das metas internacionais do turismo sexual. Para tentar reduzir o risco de contrair o vírus HIV os clientes do mercado da prostituição pedem mulheres sempre mais jovens, quando não crianças e adolescentes.
Diversas pessoas caem na rede do tréfico dos órgãos, para serem explorados no trabalho mal remunerado e serem reduzidos a condição de escravidão.
Situação legislativa:
A África do Sul é um dos países que assinaram o “Protocolo das Nacões Unidas sobre a prevenção, abolição e perseguição ao tráfico de seres humanos, em particular mulheres e crianças” (conhecido como Protocollo de Palermo ), que entrou em vigor em desembro de 2003. Os países que assinaram o Protocollo de Palermo estão empenhados em desenvolver políticas públicas com a finalidade da prevenção do tráfico de pessoas, da tutela das vítimas e da introdução de normas no sistema jurídico e penal pela responsabilização dos traficantes.
No dia 16 de março de 2010 a África do Sul aprovou uma nova lei contra o tráfico, uma norma que entrará em vigor em abril, mesmo às vésperas da Copa do mundo de futebol. Segundo a Agência jornalítstica Reuters, a África do Sul, com esta decisão, segue o Moçambique, o Zâmbia, o Swaziland e o Tanzânia. Países do sul da áfrica que já aprovaram uma lei específica contra o tráfico de seres humanos.
Esta lei era esperada e reforça a esperança na prevenção, tutela e responsabilização penal das pessoas envolvidas nesta grave violação dos direitos humanos, que às vezes conseguimos perceber que existe, simplesmente porque é bem escondida.

Como dar continuidade à campanha
A Campanha lançada especificamente para o evento esportivo da Copa do mundo de futebol de 2010 na África do Sul, não se considera um ponto de chegada no empenho da vida religiosa na prevenção do tráfico. É preciso continuar neste trabalho, multiplicando as forças e envolvendo o maior número de pessoas possíveis, tecendo redes velhas e novas pra continuar com paixão a viver o mandamento do amor, contrastando as causas principais que favorescem o tráfico: pobreza, desocupação, discriminação de gênero, desigualdade social e um modelo econômico perverso e injusto que mira exclusivamente ao lucro de poucos sem importar-se minimamente com a vida de todos."

( Texto escrito por ir. Gabriella Bottani - rede Um Grito pela Vida/Fortaleza/CE)

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